Out of the Box
Bongani Cigars
A primeira marca premium handmade de charutos em África é... 100% made in Mozambique
Quando pensamos em charutos, são inevitáveis as imagens de Cuba ou da República Dominicana, e de figuras como Churchill, Fidel ou Hitchcock, inseparáveis nos retratos que deixaram, do charuto a fumaçar. São retratos colectivos de todo um imaginário construído ao longo de anos, e que pouco, ou mesmo nada, tem que ver com África.
No entanto, nunca é tarde para desenhar novas memórias. E este produto de luxo, que habitualmente associamos à América Central onde, diz a mitologia, é enrolado manualmente entre as coxas de uma anciã cubana, começou a ser produzido em Maputo, na zona da Baixa da cidade, paredes meias com a Avenida 25 de Setembro.
É ali que, desde 2016, são enrolados os Bongani Cigars, um produto premium moçambicano, actualmente comercializado em mais de 200 pontos de venda de todo o país (espaços de diversão noturna à unidade, retalho de bebidas, hotéis e lodges de luxo, e aeroporto) e fora do país, com presença na África do Sul, Costa do Marfim, Nigéria, Suíça e Estados Unidos. Chegou a estar à venda no Quénia, mas abandonou o mercado por ser muito burocrático e caro.
A Bongani, que significa ser grato "em zulu" surge como fruto de curiosidade e diversão de Kamal Moukheiber, um ex-banqueiro de investimentos britânico. Como diz Kamal, “muitas boas coincidências aconteceram e houve sinais do potencial deste negócio desde o seu início, tanto que eu fiz disto o meu trabalho em tempo integral”.
Kamal explica que o sucesso da Bongani, entretanto, não surgiu por coincidência, “Os charutos são, em muitos casos, para pessoas que gostam de se parecer com pessoas bem-sucedidas e há essa associação, entre o charuto e o sucesso. O que faz dos mercados com maior poderio financeiro os nossos principais alvos. Depois, há o factor de ser o primeiro charuto feito em África, um produto de luxo, de qualidade, feito aqui, e isso é algo imbatível pela concorrência porque as pessoas estão interessadas em experimentar produtos feitos em África, não querem apenas consumir produtos importados de outros lugares”.
Mas, como se faz afinal um charuto moçambicano? “Bem, na essência usamos uma mistura de folhas de tabaco nacional e de importação, e a folha utilizada para enrolar o charuto provém dos Camarões que já fornece alguns dos melhores charutos cubanos, e da República Dominicana. A caixa de madeira, em sândalo é feita na China. O trabalho é inteiramente manual, e 100% nacional.
“Demora quase um ano até alguém estar preparado para enrolar charutos com a qualidade exigida”, conta Kamal e acrescenta que “a África, e Moçambique mais especificamente, há muito produz tabaco de primeira qualidade. Faz muito sentido desenvolver as habilidades localmente e produzir o produto acabado em Moçambique, em vez de enviar a matéria-prima para outro lugar”.
Com a pandemia de covid‐19 e as restrições por ela impostas, a Bongani Cigars teve alguns constrangimentos, conta-nos Kamal: “a nossa cadeia de suprimentos tornou-se muito difícil e cara, o negócio desacelerou e tivemos períodos em que fechámos completamente. No entanto, nunca perdemos o pagamento de um salário e conseguimos ter uma equipa e negócios mais fortes”, assegura.
Nos últimos anos, a Bongani vincou mais a sua presença no mercado, com a visão de criar produtos (exclusivamente charutos) de alta qualidade em África, que requeiram mão-de-obra altamente qualificada e exportar para todo o continente, tendo como base o mercado local.
“Actualmente, o mercado de charutos em Moçambique está muito ativo e há muitos aficionados, e o próximo passo da Bongani é fortalecer a sua presença em mercados maduros como a Suíça e os EUA”, finalizou.