Empreendedora
É Joli, tres Jolie

Quando não conseguimos explicar como é que alguém pode executar alguma actividade com excelência e uma certa naturalidade, justificamos para nós mesmos que “a pessoa terá nascido para isso”.

Será o caso de Joana Oliveira, que terá nascido com o prazer em trabalhar o detalhe, desenhando nos espaços da sua imaginação, e sempre tendo como ponto de partida, e chegada, as regras do bom gosto, ilustradas em sensações. De prazer, conforto e bem-estar. Terá crescido para isso mesmo, e nada é, por isso, deixado ao acaso.

Traçar-lhe as origens é um exercívio complexo. Portuguesa e Moçambicana, porque chegou a Maputo ainda criança, tendo mais tarde regressado à Europa para estudar em Barcelona, Espanha, cidade com uma cultura própria feita de arte, design e multiculturalidade.

Com mestrados em Gestão de Empresas Turísticas e Marketing e Gestão de Empresas de Luxo, começou a trabalhar no ramo turístico como coordenadora de eventos numa companhia de hotelaria de renome (Meliã). Era um trabalho que a fazia viajar muito, principalmente pela Europa, e que lhe permitiu abrir horizontes, e começar a popular de novas ideias e conceitos a sua própria identidade profissional.

Ganhou o gosto pela hotelaria. Mais tarde, regressa a Moçambique de férias, acaba por ficar e lançar-se, primeiro como directora de compras de uma empresa, depois como gerente numa pequena guest house onde ficou a trabalhar por seis meses, tempo suficiente para assimilar e perceber o negócio e o mercado, no contexto moçambicano.

Arriscou então, lançar o seu próprio negócio e, de então para cá, não mais parou até porque, no seu caso, não faltam ideias. “Construiu” o seu próprio espaço, à imagem do que imaginava. Encontrou uma casa simples, trabalhou na sua reabilitação (que levou cerca de sete meses) e, pouco tempo depois, em Agosto de 2017, acontecia a Joli Guest House, em pleno bairro de Sommerschield, no coração da capital, um espaço que é mais do que um lugar para repousar de uma viagem. É um lar fora de casa.

Mesmo para a própria Joana, descrever o lugar não é tarefa fácil até porque, na verdade, a sua personalidade se confunde com a sua criação, o que aliás começa logo pelo nome daquele que escolheu ser o seu negócio. “Joli são as minhas iniciais, vem de Joana Oliveira, conjugadas entre si. A Joli é uma guest house boutique em que as pessoas vêm à procura de um local com aquele home feeling, querendo evitar a impessoalidade dos grandes hotéis. Chegam a um lugar onde são tratadas pelo nome, e onde o fazem comigo e com a minha equipa”, diz.

Com dez quartos, o ambiente pode ser familiar mas, nem por isso, nada é deixado ao acaso. E não se confunda a simplicidade com ausência de luxo e requinte. Em cada recanto, em cada objecto de decoração, nasce um contributo para uma certa alma, que o espaço, no seu todo, parece emanar. E consegue-o plenamente. “O segredo? Não existe. É fazer as coisas que sentimos, de forma verdadeira. Respeitar o espaço, pensar em fazer algo para os clientes, como se fosse para nós, conjugar elementos naturais, como as plantas, fora e dentro da gesthouse com a arquitectura, a cor, o aroma e os restantes sentidos. No fim de contas, fazer e manter um espaço vivo, onde todos nos sintamos em harmonia. Isso para mim é o mais importante”, assinala.

Apesar de pequeno, o espaço tem uma piscina e um jardim interior a céu aberto, onde se respira um verdadeiro aroma a natureza e uma brisa que sopra fresquinha, ali bem no silêncio atípico do centro da cidade.

Sempre atenta ao detalhe mesmo aquele que, para a maioria das pessoas, passaria despercebido, Joana criou entretanto outros negócios, desdobramentos da marca Joli, que acompanham e complementam o negócio da guest house naquela que poderia considerar-se a sua missão: proporcionar bem-estar, conforto e as condições ideiais para o nascimento de momentos inesquecíveis ou de apenas boas memórias, e é por isso que arriscou na área da decoração com a Joli Decor em que almeja agora, “tornar a empresa altamente profissional e expandir os serviços. Reconheço o desafio de encontrar os parceiros certos, mas é para isso que cá estamos e vamos a isto”, diz a empresária.

Já ao nível do catering personalizado, a Joli Villas tem feito essencialmente trabalhos de fornecimento de um conjunto de experiências gastronómicas que envolvem a construção de uma ementa personalizada para eventos específicos. Do transporte dos alimentos à existência de uma equipa que faz o acolhimento e atendimento personalizado e especializado, tem-no feito na zona de Santa Maria, a sul de Maputo, mas também em eventos premium, em Maputo.

“Sempre senti vontade de me expressar através do que faço, Sempre tive criatividade, mas o propósito de fazermos as coisas, fui-o ganhando com o tempo, e com a experiência de vida. Somos um fruto de tudo o que vivemos, sentimos e aprendemos. Sinto que estou fazer algo por mim mesma mas, acima de tudo, que estou a proporcionar momentos especiais a quem ‘embarca’ na experiência Joli. E é isto. A Joli sou eu e eu sou a Joli. E estou feliz assim”.