Transformar o “Inútil” em algo valioso
Chama-se Djabrú do Rosário, é pesquisador e docente na Universidade Púnguè, na cidade de Chimoio, em Manica. O investigador, juntamente com a sua equipa, produz químicos de uso humano recorrendo a dejectos e material descartado pela natureza. “Tivemos os primeiros três projectos, que foram de produção de fertilizantes, com base em urina, fertilizantes com base em restos de comida, e o terceiro projecto foi de produção de biogás com base em sobras alimentares”, conta Djabrú.
“Nós usamos urina humana, cinza das padarias ou de uso caseiro, mas também já levámos óleo queimado... É impressionante como o que muitos de nós achamos que é desperdício, e mandamos para o lixo, pode ainda ter utilizações. Todos estes produtos de que falo podem ser fertilizantes para produzir comida, sabão e outras coisas úteis. E também já produzimos álcool com restos de batata doce”, complementa.
A mais recente inovação do investigador e da sua equipa é a reutilização do óleo de motores de automóveis. “É algo essencial para o meio ambiente porque quando estes fluidos são descartados, poluem bastante as águas dos rios, charcos e também os solos. Dos resultados preliminares, obtivemos uma substância que tem as mesmas propriedades e que dá para polir e proteger artigos de madeira, por exemplo. Mas as pesquisas ainda continuam. Precisamos de encontrar a base certa e os aditivos certos para ver se ainda podemos transformá-lo, por exemplo, em outras substâncias úteis, como detergentes”.
O investigador moçambicano apresentou os projectos na International Science Slam, onde foi galardoado com dois prémios: "Feel Good Scientist", prémio principal, que retrata o cunho científico dos trabalhos que tem feito, e o "Chief of Calmness", pela maneira serena com que apresentou os resultados, na Universidade de Educação de Heidelberg, na Alemanha.